História

Como surgiu a
Associação Beselguense?

É uma das mais antigas instituições da região. Desde há muito que a Beselga era conhecida como uma aldeia bairrista. Com a chegada do Sr. Padre Donaciano, nos finais da década de 50, as actividades não só religiosas mas também as humanitárias, culturais e desportivas foram dinamizadas pela Igreja. A participação em procissões na Lapa, os magustos da catequese, os jogos de solteiros e casados, os peditórios para a Igreja, para a Capela ou mesmo para obras (como a reconstrução da ponte da Devesa em 1967) eram liderados pelo Sr. Padre Donaciano e em que sobressaem com naturalidade a Sras. Leonilde, Mariazinha, Judite, Cecília…bem como uma meia dúzia de seminaristas da aldeia. Os peditórios de Janeiras e dos Reis nessa altura eram uma fonte de receita significativa para as actividades da aldeia.

Os convívios do Sr. Padre com os emigrantes no Natal com cânticos, dramatizações, discursos, mostra de slides sobre cenas bíblicas com narrativas emocionadas do Sr. Padre constituíam autênticos manifestos culturais que uniam a população residente com os emigrantes dispersos pelos quatro cantos do mundo – França, Brasil, Alemanha, Japão além dos que vinham de Lisboa, Porto…

É então que surgem os dois Colégios ( Penedono e Sernancelhe ) rasgando-se outros horizontes culturais para toda esta juventude dos anos sessenta.

A força dinamizadora do Futebol

Neste contexto começam a realizar-se com mais frequência os jogos de futebol com equipas próximas da aldeia: Seixo, Antas, Sarzeda, Guilheiro, Sernancelhe. Com alguns jogadores de destaque nas equipas oficiais ( Trancoso, Sernancelhe, Vouzela…) no Verão de 1971 tentámos organizar um jogo entre uma selecção do concelho de Penedono e outra de Sernancelhe. À última da hora, depois de tudo confirmado, Sernancelhe diz que não vai ser possível.

Na Beselga, fizemos a proposta a Penedono de manter o jogo mas contra a Beselga. Apesar de uma desconfiança inicial o jogo realizou-se no campo de Sernancelhe e a Beselga surpreendeu.

No ano seguinte lançámos o 1º Torneio Regional Beirão. O “Clube de Futebol Os Beselguenses” – como então nos designávamos, equipava de camisola azul (como as águas da Ribeira, da Barragem) e com a cruz do Senhor dos Passos, mas também simbólica por sermos da Paróquia de Santa Cruz de Beselga.

O Sr. Afonso Anciães mandara-nos vir de Viseu as camisolas que pagámos com ofertas especiais do Sr. Orlando Beco (emigrante no Brasil), os Srs. Calisto e irmão então emigrantes em França. O Sr. Manuel Brasileiro ofereceu o dinheiro para as meias e o Sr. Américo pagou as rudimentares sapatilhas/chuteiras. A Sr.ª Leonilde talhou e coseu os calções, com a sua equipa de meninas costureiras, chegando ao cúmulo de nos pôr os números nos calções. O emblema nas camisolas, cruz a vermelho, bem como os números, foram também oferta sua.

A rapaziada respondeu da melhor maneira vencendo o Torneio numa final empolgante contra as Antas no campo de Sernancelhe. Os festejos foram efusivos, a recepção na Beselga foi algo de inesquecível o que motivou quer os jogadores, quer os restantes naturais.

 

25 de Abril de 1974

Chegámos a 1974 com este ambiente de euforia. Com a Revolução do 25 de Abril, multiplicámos as actividades, quisemos fazer um jornal, um novo campo de futebol, uma sede de convívio para trabalhar…Começámos a pedir subsídios e só podíamos consegui-los desde que fizéssemos os estatutos, a escritura no Registo Civil e os publicássemos num dos jornais mais lidos. Foi assim que, depois de nos termos informado junto da Associação dos Bombeiros Voluntários de Penedono, começámos a redigir os Estatutos – eu e o João Paixão à altura estudantes de Direito – no mês de Dezembro de 1974. Em Março de 1975, já lá vão vinte e oito anos, os estatutos eram apresentados no Registo Civil para lavrarmos a certidão de nascimento oficial da Associação Humanitária , Cultural e Recreativa Beselguense. Em breve, o Diário da República publicitou-lhe os estatutos, bem como o “Primeiro de Janeiro”. Nessa fase, “Mensagem da Aldeia” publicitou-a, quer na nossa região quer junto dos emigrantes. Chegámos a enviar 400 exemplares no já velhinho duplicador “Roneo”.

A sede de Convívio foi outra das conquistas imediatas, uma vez que não havia qualquer café na aldeia e as tabernas (do Chico, do Chefe, da Sr.ª Aninhas, do Sr. Afonso e do Sr. João) fechavam às 9 da noite. A falta de televisão pressionava.

O Desporto foi outra das actividades desenvolvida com afinco. Futebol no INATEL e, depois, na Associação de Futebol de Viseu, com seniores e, mais tarde, com juniores. O Atletismo foi também dinamizado por toda a região. Conseguimos um recinto desportivo dos melhores do concelho.

Até grupo de Teatro –“Ceireiros da Beselga”- tivemos com representações em Viseu.

Mas as pequenas comunidades estão muito dependentes da disponibilidade de quem está na aldeia. E a necessidade de trabalhar leva-nos muitas vezes para longe. Alguma falta de experiência e desorganização viria a fazer fechar as portas por alguns períodos mas o projecto, mais tarde é de novo retomado e reatado o contacto com os sócios.

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